Nunca é tarde demais

Sempre fui apaixonada por música, quando criança passava horas na frente do rádio ouvindo as fitas cassetes antigas da minha mãe que iam de lambada a Enya, mas algo mudou em mim quando descobri o rock. Aquilo foi tão intenso e apaixonante, aquele som rebelde se misturou com a minha raiva pré adolescente e eu me senti pertencendo a algo finalmente.

Fazer parte de algo sempre foi o que procurei e quando você está com os hormônios à flor da pele tudo parece muito mais extremo e definitivo. Imaginei minha vida sendo uma adulta tatuada, casada com um abutre e trabalhando como vendedora da galeria do rock, quando muito me imaginava sendo VJ da MTV (quem nunca?). Mas meu grande sonho, que sempre me acompanhou, era ser jornalista musical, eu realmente queria fazer parte daquilo, não fazendo música mas do meu modo.

A paixão por música só fez aumentar e englobar outros gêneros, mas com o passar do tempo fui colocando cada vez mais meus pés no chão e fui me distanciando do meu sonho até virar um grande borrão na neblina. Fui a vários shows, festivais, me apaixonei por bandas, desapaixonei e até cheguei a conhecer algumas, mas assim como aprendemos que brincar na areia é coisa de criança, passei a achar meu sonho descabido e demodê.

Hoje vejo que nunca foi nenhum pouco descabido e muito menos demodê, as pessoas me disseram que eu não era capaz e eu acreditei, deixei o medo tomar conta e me paralisar. Hoje resolvi me rebelar contra mim mesma e escrever sobre essa minha paixão tão visceral. Resolvi que vou escrever sobre música, mesmo que seja apenas para mim mesma. ♥️

“Música é tudo. Só ela impede que fiquemos loucos.”

LOU REED